Falando com as paredes
Me
sinto triste e solitária. Estou cansada. As minhas escolhas não têm preenchido
o vazio que me consome a cada dia. Talvez, eu esteja apodrecendo por dentro...
Sei lá.
Eu
não me arrependo das escolhas que fiz, mas a mudança dói. Acho que a solidão
sempre existiu dentro de mim, sempre soube que a única pessoa com quem poderia
contar na vida era eu mesma. Desde cedo, tenho a mania de debochar das
situações merdas pelas quais eu passo. Faço graça com as minhas angústias, pois
não fosse isso, já teria surtado. E com razão.
Meus
traumas não são normais, são feridas que não cicatrizam mesmo ao passar de 35 longos
anos. A maioria das pessoas com quem me relaciono não me entende, porque
ninguém que não tenha passado pelo que vivi, vai conseguir se colocar no meu
lugar. Tento ser leve, mesmo estando desesperada lá no fundo, mas entendo que
para alguns, essa minha reação é difícil de digerir, parece desrespeito,
insensibilidade etc.
Acho,
sinceramente, que somos todos doentes – e não falo só da minha geração, que
comprovadamente, é recorde em Transtornos Psiquiátricos, como TAG, Depressão.
Estamos o tempo todo querendo que nos escutem, mas será que paramos para ouvir
os outros o suficiente? Será que meu semelhante, ao me escutar, tem o que é
preciso para me ajudar sem se comprometer emocionalmente?
Eu
sempre me comprometo emocionalmente, e não consigo deixar de me envolver na dor
dos que me são queridos. Hoje, vejo que esse é o meu maior erro – Sou toda
ouvidos, contudo, não deveria. O tempo todo, meu pai me vem à mente, sempre com
o mesmo discurso, me dizendo que eu não posso salvar o mundo. Naquela época, eu
não entendia o que ele queria dizer, agora, entendo. A minha preocupação com o
outro não ajuda ninguém, só atrapalha. E atrapalha num nível que atinge até a
minha vida. O maior exemplo tem acontecido constantemente – estou mal, pedindo
socorro, e ninguém me escuta, ninguém enxerga o que passo. A armadura que me
colocam, impede que olhem para mim e enxerguem uma pessoa que também tem suas
fragilidades. E eu sou frágil, caralho, eu também choro, também sangro!
Tem
horas que dá raiva de ter chegado onde estou, ser a pessoa “forte”, “guerreira”
me fez ter dores invisíveis aos olhos dos outros. Eu também desmorono, sabe? Só
que não parece. Eu também preciso de cuidado, de carinho, de aconchego. E o que
sempre me sobra é pagar alguém pra me escutar por meia hora, porque só assim
posso falar. Isso é triste, é uma vida solitária demais. Tem gente que olha pra
mim e enxerga a “perfeição”, na verdade, sou só um tronco oco, mas a árvore que
um dia existiu ali era enorme, então o vento não conseguiu derrubar – dentro do
que um dia foi ela, tá tudo vazio.
Estou quebrada, tentando juntar os cacos do bibelô que nunca fui.
Sabe
aquela pessoa pra quem você corre sempre quando está mal? Ela também sofre, tá!
Ela também precisa ser cuidada, abraçada e escutar palavras gentis. Agradeça
por tê-la em sua vida, e acolha quando for preciso, porque mesmo resiliente,
mesmo aparentando ser forte, ela ainda é um Ser Humano! Tenha com os outros a
mesma compaixão que dão a você.
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Chora, bebê!