sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

    E foi assim que me dei conta do quanto sou forte. Não que eu seja imbatível, mas eu me recomponho de cada tombo que levo, e acabo trazendo comigo mais um aprendizado.

    Dessa vez, aprendi que é preciso aceitar a finitude das coisas. Tudo acaba. Pode ser a vida de alguém, um relacionamento, um programa de TV, uma relação trabalhista, uma amizade, a tinta da sua caneta preferida, sentimentos... Nada é eterno, nem a água viva turritopsis nutricula, que é o ser vivo com maior regeneração celular existente (até então) na Terra.

    Consegui enxergar, finalmente, que o que importa, não é o quanto algo durou, mas se o período entre seu “nascimento” e sua “morte” foi bem aproveitado, foi real, foi completo e feliz. O quanto você amou aquela pessoa? Foi real, foi recíproco enquanto durou? Então valeu! Aquele parente/amigo/animal de estimação teve uma vida plena, feliz, e deixou algum fruto / mensagem / aprendizado pra sua história? Então valeu!

    Acho que quando focamos no pesar da finitude das nossas relações (especialmente) não damos valor para o que foi vivido plenamente. Não estou dizendo que terminar um relacionamento não dói. Dói, e muito, para ambos os lados. Mas por que temos o hábito de destacar a dor, em vez de levar em conta as boas memórias do que viveu? Entendo que nem todo relacionamento acaba numa boa, quando digo essas coisas, me refiro àqueles terminados de maneira “limpa”, “justa”, motivado porque um dos lados (ou os dois) chegou à conclusão que, de alguma forma, o sentimento transformou-se. O amor e a paixão tornaram-se um tipo de carinho e amizade, um sentimento fraterno. Às vezes isso acontece. O cotidiano maluco das pessoas faz as coisas esfriarem, e os casais se afastam do que lhes causava o fervor de antes. De repente, sem mais, nem menos, estão se tratando mais como bons amigos e o casamento só existe por comodismo, conveniência.

     Tem gente que não se incomoda de viver assim. Não julgo. EU não consigo. Preciso me sentir viva, me sentir desejada, preciso de carinho, de cafuné, aconchego, abraço, dormir de conchinha, passear no parque de mãos dadas... Como diz a música Minha Alma, composta por  Marcelo Yuka, do grupo O Rappa: “[...] Me abrace e me dê um beijo / Faça um filho comigo / Mas não me deixe sentar na poltrona no dia de domingo, domingo [...]”

     Não sou contra a rotina, mas admito que viver sempre a mesma coisa me deixa infeliz. Os mesmos programas, os mesmos assuntos, as mesmas piadas, os mesmos problemas e reclamações, as mesmas críticas e lamentações. Isso me desgasta profundamente e vai me entristecendo até tornar-se insuportável.  A pandemia foi a gota d’água. Vinte e quatros horas por dia, sete dias da semana, ouvindo sempre as mesmas histórias, ficando invisível aos olhos que ali estavam nos mesmos horários. Era preferível dormir o dia todo a existir numa casa grande e vazia. Um lugar cheio de coisas, que ao mesmo tempo, não tinha nada. O pior, é que apenas eu me incomodava com aquilo. Só eu queria mudar as coisas. No meio disso tudo, que já existia antes, vieram o atual momento político e a pandemia, e era só desgraça, o dia todo.

     Tinha dias que eu olhava pra fora, pro quintal enorme, erguia a cabeça para ver o céu, os saguis e me perguntava o porquê de existir, por que eu não acabava com tudo logo? “Já que estamos perdidos. Não vale à pena trazer gente pra esse mundo, não vale à pena ser honesto, não vale à pena ser gentil... Estamos sozinhos, abandonados à própria sorte, somos odiados e bombardeados com a maldade humana o tempo todo. É preferível estarmos presos, aqui é mais seguro. ”

    Estava infeliz e não imaginava o quanto. Meu transtorno de ansiedade generalizada uniu-se à depressão. Tinha total consciência disso, havia chegado ao fundo do poço emocional. Precisava, urgentemente, fazer algo por mim. Precisava me libertar do que estava me apagando. Então eu procurei primeiro falar o que sentia, e não fui compreendida. Conversamos novamente sobre tudo o que ocorria, e novamente, novamente e novamente...

    Percebi que as coisas estavam daquele jeito e não mudariam nunca. Quem deveria mudar, era eu. Mudar as expectativas que tive no início, ou mudar completamente a minha vida. Sei que pra muita gente, isso parece egoísta, mas escolhi me fazer bem, voltar a ser plenamente eu, ser livre, ser feliz.

     Fechei um ciclo da minha vida, foi maravilhoso estar ali por tanto tempo, porém, recomeçar também é bom. Respirar novos ares, arriscar, sem medo e sem culpa. Isso é viver! Eu fui feliz ali, nunca direi o contrário, entretanto, para voltar a ser EU, precisei abrir mão de tudo, porque estava sendo mais o outro, e não ser você é triste, é cruel. Sempre fui uma pessoa “colorida”, aos poucos fui tornando-me sombria, negativista, reclamona, vazia. Consegui me libertar e ainda bem que restava um dedinho de arco íris em mim, porque aos poucos, vou deixar que as cores tomem conta da minha vida novamente.

A mensagem do dia é essa: NÃO TENHA MEDO DE QUEBRAR COISAS PARA RECONSTRUÍ-LAS DEPOIS. VOCÊ CONSEGUE, FORÇA NA PERUCA! 

Dica de duas músicas que sempre me animam nas horas de desespero:

Angra - Carry On

Masterplan – Spirit Never Die

 



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