quarta-feira, 24 de março de 2021

I JUST DON'T KNOW WHAT TO DO WITH MYSELF

 

    Quarta-feira, 22:52hs... Estou azul, literalmente- fui arrumar a caixa da descarga e o desinfetante da ave que gosta de nadar em lagos caiu em mim.
    A casa, uma bagunça – como sempre. Eu limpo, a cachorra vai lá e suja. Aí o gato corre, sobe na mansão de gatos, começa uma confusão de gatos e cachorros – um rosna e o outro late, chora, esperneia.
    Ah! E tem a maldita dor, né? Levei um puta tombo no domingo, estava limpando um dos tapetes – todo cagado! Escorreguei e caí, igual a um pitoco de bosta. Na hora nem doeu, mas no outro dia... e hoje... que inferno de dor nas costelas! Dói tanto que chega a me dar ânsia de vômitp! Não posso tomar anti-inflamatório não hormonal sem supervisão médica, nem opioides... Paracetamol? Pra dor que estou sentindo, nem cócegas faz. Moro há dois quarteirões do hospital do plano de saúde, só que a coragem pra encarar um local cheio de doentes com COVID-19 é zero!
    Vai continuar doendo, até parar de doer! E vai doer menos que o vazio existencial que sinto.
    Ah, e teve o ovo de páscoa da discórdia... que terminou no vácuo eterno de uma mente tentando esquecer.
    A briga no grupo do condomínio – não sei quem perdeu a chave, tocou os interfones aleatoriamente no meio da madrugada (eu tomei um comprimido extra de quetiapina, nem vi/ouvi!), então começa o debate dos que não foram na assembleia contra os que sempre vão, porque os porteiros estão afastados e deveria ter um porteiro reserva que não durma na guarita e... Blé!!!!
    As intermináveis reuniões do trabalho que nunca decidem nada!
    Estou completamente no modo automático de sobrevivência. Lembrei que não como desde o almoço. Engulo um salgado qualquer, tomando aquele suco em pó vagabundo (e que eu amo!) sabor guaraná.
    Fumo um cigarro – que pra mim ainda é Free Light. Talvez eu durma na sala, não terminei de arrumar a descarga, então, hoje não vai rolar banho, e sujar meu colchão está fora de questão.
    Quando a minha cama chegar (aquela que comprei em janeiro!) vou chorar de alegria... Três malditos meses dormindo no chão... e essa semana com o lado esquerdo do tronco todo fodido!
    Impaciência, cansaço, dor, vazio, tristeza, dor, preocupação, desilusão – dor!
    No aguardo por um amanhã melhor. Se pelo menos eu tivesse a beleza e a conta bancária da Kate Moss...
Boa noite! (?)

 

A música do meu dia: I Just Don't Know What To do With Myself - The White Stripes

quinta-feira, 4 de março de 2021

 Falando com as paredes

Me sinto triste e solitária. Estou cansada. As minhas escolhas não têm preenchido o vazio que me consome a cada dia. Talvez, eu esteja apodrecendo por dentro... Sei lá.

Eu não me arrependo das escolhas que fiz, mas a mudança dói. Acho que a solidão sempre existiu dentro de mim, sempre soube que a única pessoa com quem poderia contar na vida era eu mesma. Desde cedo, tenho a mania de debochar das situações merdas pelas quais eu passo. Faço graça com as minhas angústias, pois não fosse isso, já teria surtado. E com razão.

Meus traumas não são normais, são feridas que não cicatrizam mesmo ao passar de 35 longos anos. A maioria das pessoas com quem me relaciono não me entende, porque ninguém que não tenha passado pelo que vivi, vai conseguir se colocar no meu lugar. Tento ser leve, mesmo estando desesperada lá no fundo, mas entendo que para alguns, essa minha reação é difícil de digerir, parece desrespeito, insensibilidade etc.

Acho, sinceramente, que somos todos doentes – e não falo só da minha geração, que comprovadamente, é recorde em Transtornos Psiquiátricos, como TAG, Depressão. Estamos o tempo todo querendo que nos escutem, mas será que paramos para ouvir os outros o suficiente? Será que meu semelhante, ao me escutar, tem o que é preciso para me ajudar sem se comprometer emocionalmente?

Eu sempre me comprometo emocionalmente, e não consigo deixar de me envolver na dor dos que me são queridos. Hoje, vejo que esse é o meu maior erro – Sou toda ouvidos, contudo, não deveria. O tempo todo, meu pai me vem à mente, sempre com o mesmo discurso, me dizendo que eu não posso salvar o mundo. Naquela época, eu não entendia o que ele queria dizer, agora, entendo. A minha preocupação com o outro não ajuda ninguém, só atrapalha. E atrapalha num nível que atinge até a minha vida. O maior exemplo tem acontecido constantemente – estou mal, pedindo socorro, e ninguém me escuta, ninguém enxerga o que passo. A armadura que me colocam, impede que olhem para mim e enxerguem uma pessoa que também tem suas fragilidades. E eu sou frágil, caralho, eu também choro, também sangro!

    Tem horas que dá raiva de ter chegado onde estou, ser a pessoa “forte”, “guerreira” me fez ter dores invisíveis aos olhos dos outros. Eu também desmorono, sabe? Só que não parece. Eu também preciso de cuidado, de carinho, de aconchego. E o que sempre me sobra é pagar alguém pra me escutar por meia hora, porque só assim posso falar. Isso é triste, é uma vida solitária demais. Tem gente que olha pra mim e enxerga a “perfeição”, na verdade, sou só um tronco oco, mas a árvore que um dia existiu ali era enorme, então o vento não conseguiu derrubar – dentro do que um dia foi ela, tá tudo vazio.

    Estou quebrada, tentando juntar os cacos do bibelô que nunca fui.

    Sabe aquela pessoa pra quem você corre sempre quando está mal? Ela também sofre, tá! Ela também precisa ser cuidada, abraçada e escutar palavras gentis. Agradeça por tê-la em sua vida, e acolha quando for preciso, porque mesmo resiliente, mesmo aparentando ser forte, ela ainda é um Ser Humano! Tenha com os outros a mesma compaixão que dão a você.